O longa da brasileira Renée Nader Messora e do português João Salaviza aborda a resistência do povo Krahô do norte de Tocantins. Será exibido no primeiro dia de evento
O longa “A Flor do Buriti”, premiado no Festival de Cinema de Cannes deste ano, será uma das produções exibidas na 2A Mostra Nacional CineMarias – Corpos (in)Visíveis. O evento acontece de 31 de agosto a 2 de setembro, no CineMetrópolis (UFES), em Vitória, e busca dar visibilidade às identidades femininas pretas, pardas e indígenas, bem como combater o apagamento histórico imposto pela hegemonia branca.
Dirigido pela talentosa dupla formada pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, “A Flor do Buriti” recebeu o prêmio de melhor equipe, o Prix D’ensemble, na mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes. O filme, produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr., da produtora mineira Entre Filmes, aborda a resistência do povo Krahô do norte de Tocantins e tem encantado as plateias por onde passa. Será exibido no primeiro dia de evento às 21h30.
Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Anos depois, em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a Ditadura brasileira. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô continuam a caminhar sobre a sua terra sangrada, reinventando a cada dia infinitas formas de resistência.
Renée acredita que ter um palco como Cannes, que é uma vitrine pro mundo todo, se configura também como um importante espaço para trazer essas questões indígenas e tecer novas alianças. “Ali podem ser produzidas imagens que se tornarão parte desse ‘arsenal’ simbólico e ainda não podemos vislumbrar todas as possibilidades futuras que lançamos quando passamos pelo tapete vermelho”, completou.
Além de apresentar “A Flor do Buriti” e outros filmes estaduais e nacionais, a Mostra também oferecerá diversas atividades, como masterclasses, workshops, atrações musicais e bate-papos, enriquecendo ainda mais a experiência dos espectadores. O evento traz uma atração musical especial, a multiartista Lia de Itamaracá, que será a grande homenageada desta edição.
A iniciativa não apenas celebra o talento artístico feminino, mas também promove a reflexão sobre o combate à violência contra identidades femininas com atividades educativas de difusão da Lei Maria da Penha.
Dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) destacam a importância de ações como essa, uma vez que as mulheres têm sido sub-representadas na liderança das obras audiovisuais, ocupando apenas 20% e 25% dos cargos de direção e roteiro, respectivamente. A presença de mulheres negras e indígenas nessas posições é ainda mais alarmante, chegando a ser zero nos longas-metragens.
O evento possui patrocínio master da ES Gás, patrocínios do Instituto Cultural Vale e do Grupo Carrefour Brasil, e conta com o apoio da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), da FAESA Centro Universitário, da A Gazeta por meio do Fonte.Hub e Todas Elas, da Aliança sem Estereótipos da Onu Mulheres, da Defensoria Pública do Espírito Santo, do + Mulheres no Audiovisual e da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça (Comvides). A produção é da Odoyá Arte e Cultura com realização da Lúdica Audiovisual e do Ministério da Cultura – Governo Federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
