Com mais de 8 filmes lançados, CineMarias seleciona 30 bolsistas para aprender cinema e rodar obras inéditas em sua terceira edição

Até 27/4, o LAB recebe inscrições de mulheres da Grande Vitória interessadas em produzir filmes inspirados em vivências pessoais e na Lei Maria da Penha.A ação oferece bolsas de R$500.  

O olhar feminino nas telas e por detrás delas. Mais uma leva especial de filmes capixabas será produzida entre os meses de maio e junho deste ano pelo LAB Audiovisual CineMarias na Grande Vitória. As inscrições estão abertas até 27 de abril para identidades femininas produzirem curtas-metragens com temáticas sobre violência de gênero e baseadas em suas próprias experiências pessoais com assédio, misoginia e em denúncias feitas com base na Lei Maria da Penha. Todas as selecionadas recebem uma bolsa-auxílio de R$ 500,00.

Desde sua primeira edição em 2021, o projeto já lançou oito filmes inéditos. desde a sua criação e podem se inscrever mulheres cis, trans travesti e pessoas não-binárias com idades a partir de 18 anos. As inscrições podem ser realizadas pelo site cinemarias.com.br., e o LAB propõe aulas online e presenciais de Roteiro, Direção e Montagem, além de oficina prática que simula um set de filmagem. 

Durante o laboratório imersivo, o grupo formado por 30 participantes produzirá três filmes-poesia de forma coletiva. O objetivo é propor uma discussão sobre a temática, e também impulsionar a presença do público feminino no audiovisual, na mídia, na TV, na política e nas instituições, que juntos formam os cinco pilares de atuação do CineMarias. 

Ocupar outros espaços diferentes das manchetes sobre as mortes motivadas por violência de gênero é um foco importante, e também um movimento de resistência em um país que em 2022 bateu o recorde de feminicídios com 3,9 homicídios dolosos (intencionais)  – um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior. Foram 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres – uma a cada 6 horas, em média, de acordo com o Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da violência da USP (NEV-USP) e o FBSP. Quase 19 milhões foram vítimas de algum tipo de violência no ano passado.

O país também ocupa o primeiro lugar no ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo, particularmente das travestis e mulheres trans. Segundo a Organização Não-Governamental TransGender Europe (TGEU), que monitora a situação dos direitos humanos de pessoas trans em diferentes partes do mundo. Um total de 2.609 assassinatos em 71 países foi registrado entre primeiro de janeiro de 2008 e 30 de setembro de 2017. O Brasil é responsável por mais da metade desses crimes transfóbicos.

Invisibilidade e falta de oportunidade em cargos de liderança

No audiovisual, por exemplo, mulheres estão à margem dos cargos de direção. Em 2020 elas representaram 16% das direções dos 100 filmes de maior bilheteria, 28% dos cargos de produção e 21% dos cargos de produção executiva, segundo dados da Universidade Estadual de San Diego.

Já na mídia, existem 2,5 mais notícias sobre homens do que sobre mulheres e elas são citadas 21% menos nas manchetes. Quando aparecem, é mais frequente que haja uma menção explícita ao seu sexo ou à sua família e assinam 50% menos em relação aos homens, conforme aponta dados do Relatório “Mulheres sem nome” realizado pela LLYC.

Na política, segundo dados do Inter-Parliamentary Union, o Brasil é um dos países com menor representação feminina em câmaras parlamentares, com as mulheres ocupando uma porcentagem de 17,3% dos assentos. Somente em 2023, que o Congresso brasileiro passou a ter representantes transexuais. As eleições de 2022 elegeram duas deputadas federais, Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).

Também nas instituições esse público é menor. As mulheres ocupam apenas um terço dos cargos de liderança em empresas no mundo — a participação delas em postos de liderança subiu de 33% em 2016 para 37% em 2022, segundo dados do  Global Gender Gap Index.

Diante deste contexto, as atividades do LAB resultarão em produções autênticas que misturam cinema e poesia unindo elementos reais e experimentais de ficção, permitindo, assim, que um assunto tão delicado e sensível possa ser abordado com uma linguagem livre, sem perder o caráter importante da denúncia, sem deixar de fabular novos futuros possíveis.

As obras produzidas serão lançadas durante a 2A Mostra CineMarias, que acontecerá no mês de agosto no Cine Metrópolis (Ufes), em Vitória/ES, e ficarão disponíveis para visualização no site e canais do projeto, servindo também de portfólio para as jovens cineastas estreantes.

O CineMarias tem o patrocínio da Es Gás, do Instituto Cultural Vale e do Grupo Carrefour Brasil, e conta com o apoio da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), da FAESA Centro Universitário, da A Gazeta por meio do Font.Hub e Todas Elas e da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça (Comvides). A produção é da Odoyá Arte e Cultura, Machê e Terreiro de Ideias. A realização é da Lúdica Audiovisual e Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo – Governo Federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Vagas e inscrições

Serão ofertadas 30 vagas com bolsa-auxílio de R$500,00 para cada participante. O público são mulheres cis, trans, travesti, identidades femininas e pessoas não-binárias, com idades a partir de 18 anos e, prioritariamente, residentes nos bairros abrangidos pelo Programa Estado Presente do Governo do Estado do Espírito Santo ou inscritas no CADÚnico. As candidatas devem acessar o site www.cinemarias.com.br e preencher o formulário de inscrição. 

Programação 

O LAB é uma capacitação audiovisual (básica) com carga horária total de 88h, onde as alunas participam dos cursos online e presencial de Roteiro, Direção e Montagem com as realizadoras Melina Galante, Carol Covre e Liliana Mont Serrat.

Além da oficina prática de realização de filmes que este ano vai ter como cenário o Parque Botânico da Vale do Rio Doce, em Jardim Camburi. A programação também conta com uma roda de acolhimento e palestra sobre a Lei Maria da Penha e equidade de gênero. As aulas serão realizadas entre os dias 11 de maio e 25 de junho. 

Mostras de cinema e debate sobre equidade de gênero nas escolas

No mês de abril, o CineMarias também realiza uma Mostra Itinerante. A partir de uma curadoria de filmes de curtas-metragens que  trazem à luz a reflexão sobre a relação entre identidades femininas, pessoas não-binárias, corpo e território será realizado um debate sobre equidade de gênero em escolas da rede pública de ensino médio nas cidades de Aracruz, Baixo Guandu, Colatina e Linhares.

Serão exibidas três obras brasileira dirigidas por mulheres cis, trans, travestis, pessoas não-binárias que elaborem em suas narrativas temas sensíveis, como genêro, raça, representatividade, violência, corpo e cidade. Além disso, um LAB AUDIOVISUAL com participantes de Aracruz, realizado no mês de março, que resultou em um filme-poesia que será lançado na mostra nacional.

O CineMarias

O CineMarias é um projeto cultural e social que surgiu em 2021 voltado para fomentar o protagonismo do público feminino nos espaços de poder, na mídia, na TV e no audiovisual. A ação realiza laboratórios de formação audiovisual e mostras de cinema para difundir obras de realizadoras locais e nacionais, além de workshops e masterclasses de criação gratuitos com profissionais do cinema nacional e capixaba.

Lúdica Audiovisual

A Lúdica Audiovisual é uma produtora que atua no mercado independente de cultura e audiovisual no país desde 2010. Tem como foco a criação e realização de eventos educativos e culturais sobre equidade de gênero, memória, diversidade, representação e identidades brasileiras. Em sua trajetória atuou na produção de conteúdos e eventos para empresas como Sesc, Petrobras, Vale, Senac, EDP, entre outras.

Serviço

Seleção para o LAB Audiovisual CineMarias

Inscrições e regulamento: www.cinemarias.com.br

Prazo: até 24 de abril

Realização: 

Vagas: 30

Público: Mulheres cis, trans, travesti, todas as identidades femininas e pessoas não-binárias, de 18 a 35 anos, prioritariamente residentes nos bairros abrangidos pelo Programa Estado Presente do Governo do Estado do Espírito Santo ou inscritas no CADÚnico. 

Ações: LAB Audiovisual com bolsas para capacitação básica (cursos de roteiro, direção e montagem, e oficina prática de filmes-poesia ). Atividades educativas sobre direito e violência contra a mulher, e representação feminina na TV, no cinema e nos espaços de poder. O valor da bolsa para as participantes é de R$ 500,00.

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