CineMarias

Por meio do cinema e da cultura, o CineMarias estimula o protagonismo de identidades femininas no cenário audiovisual com a realização de Mostras que buscam difundir obras nacionais e locais, além de realizar workshops, bate-papos, palestras e masterclasses de criação gratuitos com profissionais reconhecidas do cinema nacional e capixaba. 

Desde a sua criação, em 2021, conta com a realização do LAB Audiovisual CineMarias, uma experiência de educação imersiva que busca oportunizar uma porta de entrada desse público para o cinema. 

Com o LAB, as participantes vivenciam desde a criação coletiva do roteiro até a oficina prática de filmes. O intuito é produzir filmes trazendo narrativas inéditas para as telas, e fomentar a autonomia e a participação feminina na escrita e na direção de suas próprias histórias.

O nome CineMarias é inspirado na Lei Maria da Penha, e durante a programação da Mostra e nas atividades do LAB são realizadas reflexões sobre o combate à violência contra identidades femininas e discutida as denúncias da Lei Maria da Penha. O projeto nasceu no Espírito Santo, num dos estados com o maior índice de feminicídio do país. Em 2022, o estado ficou em 6º lugar no ranking  de homicídio de mulheres. 

Ao mesmo tempo, no Brasil, a presença de lideranças femininas em produções audiovisuais segue quase inexistente. Segundo o estudo “A presença feminina nos filmes brasileiros”, realizado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), em parceria com o Instituto de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2019, apenas 19% dos filmes brasileiros lançados comercialmente foram dirigidos por diretoras. Nenhuma delas negra. 

Mulheres negras, indígenas, mulheres trans e mulheres PcD são sistematicamente não representadas, embora a maior parte da população brasileira se autodeclare negra e parda. Somado a isso, mulheres negras também representam 1/4 da força de trabalho no audiovisual, sendo a presença em cargos de liderança baixíssima. Aqui cabe destacar como o não reconhecimento das interseccionalidades afeta essas mulheres de forma ainda mais desigual.